A Educação da pessoa com
surdez no contexto escolarizado
A educação da pessoa com
surdez apresenta-se em um panorama histórico de exclusão e sofrimentos. De
acordo com as pesquisas da estudiosa Lorena Kozlowski, a trajetória histórica
da pessoa surda na sciedade corresponde a um “pêndulo oral versus gestual”.
Damázio comenta em seu artigo “Educação Escolar da Pessoa com Surdez: uma rápida
contextualização histórica”, que antes do final da idade média, o
filósofo Aristóteles afirmava que a linguagem era o fenômeno que dava ao ser a
condição de humano e sendo assim, o desenvolvimento da inteligência estava
condicionada a presença da linguagem. Dessa forma, segundo esta afirmação, a
pessoa com surdez não era humana e de acordo com DAMAZIO, “as pessoas com
surdez eram consideradas como incapazes de gerenciar seus atos”, Sendo excluída
da sociedade, e tirados, os direitos a educação e outros benefícios sociais.
A Idade Moderna muda
essa realidade por meio do monge beneditino Pedro Ponce de Leon (1510- 1584)
que ensinava pessoas com surdez, filhos de famílias abastadas economicamente, a
falar, ler, escrever e rezar. Gerolamo Cardamo deu nesse momento histórico, o
impulso inicial às pessoas com surdez. Ele afirmava que essas pessoas tinham
capacidades de aprender a ler e escrever; e a surdez não aliterava a inteligência
dessas pessoas.
No texto: A proposta bilíngüe de educação do surdo, Lorena Kozlowski
amplia olhares, tecendo propostas de inclusão da pessoa com surdez nas diversas
ambiências escolares e demais contextos de socialização, e como informa essa
estudiosa à proposta do bilinguismo “surgiu no final da década de 70.” Ainda
conforme pesquisas dessa estudiosa no texto em estudo:
A Proposta Bilíngue não privilegia
um língua, mas quer dar direito e condições ao individuo surdo de poder
utilizar duas línguas; portanto, não se trata de negação, mas de respeito; o
individuo escolherá a língua que irá utilizar em cada situação lingüística em
que se encontrar.
Assim, o bilinguismo não dá preferência a uma
língua isolada, mas promove a liberdade à pessoa em pauta da utilização de duas
línguas, e a escolha de qual utilizar em determinado contexto. Kozlowsk afirma
que “esta situação bilíngue ocorre pela presença da língua da comunidade
ouvinte: a língua oral/escrita, e a língua da comunidade surda: a língua de
sinais”.
Outras pesquisas no campo da
educação da pessoa com surdez, pautada por (Drasgow,1993 apud Kozlowski), informam que os estudos atuais “mostram a tendência
para a educação bilíngue/bicultural da criança surda, na qual a língua de
sinais é considerada a primeira língua da criança surda e a língua oral a
segunda língua”.
A pessoa com surdez, no caso do
bilinguismo passa da deficiência, como foi vista durante anos, com um
diagnóstico de doença, para a diferença. Dessa forma, suas habilidades são
potencializadas e desenvolvidas com reconhecimento e respeito aos direitos de
expressão lingüística. Essas pessoas deparam com diversos obstáculos para serem
incluídas na educação escolar, devido a essa limitação sensorial de
cunho auditivo. Diante desse desenho social brasileiro, as escolas não estão
estruturadas para receber as diferenças e DAMÁZIO afirma que “Muitos alunos com
surdez podem ser prejudicados pela falta de estímulos adequados ao seu
potencial cognitivo, sócio-afetivo, lingüístico e político-cultural e ter
perdas consideráveis no desenvolvimento da aprendizagem, ficando aquém dos
demais colegas de escola”. Ainda nas palavras de DAMAZIO em seu artigo Educação
Escolar Inclusiva para Pessoas com Surdez na Escola Comum Questões Polêmicas e
Avanços Contemporâneos: apesar de estudos e pesquisas desenvolvidas no mundo,
as escolas “não contemplam o fazer educativo escolar na verdadeira dimensão
inclusiva”. Neste ponto é de suma importância que se faça uma reflexão acerca
da dificuldade de inclusão da pessoa surda na sociedade. Ora se observarmos a
configuração da sociedade ocidental, veremos que há um binômio de desigualdades
sociais, gerando por sua vez, relações de poder e nesse caso, de acordo com
esse padrão social, as relações entre as pessoas surdas e as pessoas ouvintes
são assimétricas, estando os privilégios e direitos sociais reservados aos
ouvintes.
A educação pode mudar essa realidade
por meio de diversos recursos, informando a essas pessoas, acerca dos seus
direitos, prerrogativas e liberdade em prol do acesso e permanência social.
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