Deficiência múltipla e
Surdocegueira:
Nós não devemos deixar
que as incapacidades das pessoas nos impossibilitem de reconhecer as suas
habilidades.
Hallahan e Kauffman, 1994.
O estudo em pauta foi construído como
requisito essencial do módulo de Deficiência Múltipla da especialização EAD do
Curso de Educação especial promovido pela UFC, objetivando trazer para
discussão, as diferenças entre Surdocegueira e Deficiência Múltipla, assim como
a utilização de recursos facilitadores e estratégias a serem utilizadas pela
dimensão sócio - pedagógica e interelacional, para a otimização da comunicação
e autonomia da pessoa com tal comprometimento.
Deficiência
múltipla:
Define o conjunto
de duas ou mais deficiências articuladas que podem ser de cunho intelectual,
físico, sensorial ou sócio emocional, “no entanto, não é o somatório dessas
alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de
desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social
e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas.”
(MEC – 2006).
Surdocegueira:
É uma deficiência única.
Utiliza
algumas orientações metodológicas que os surdos e os cegos utilizam na sua
educação, mas as necessidades básicas são diferentes, principalmente no que se
refere à comunicação e orientação e mobilidade.
As pessoas com surdocegueira não são classificadas como
múltiplas deficiências pelo fato de ser
uma categoria para as terapêuticas pedagógicas e também por interagirem com as
pessoas de forma adequada.
Uma pessoa com cegueira somada a uma deficiência
intelectual, tem essa cegueira ampliada pela deficiência de intelectual. Nesse
caso, há necessidades educacionais únicas. Caso que se assemelha às necessidades
educacionais das pessoas com surdocegueira
pelo fato desta sere considerada uma categoria única de análise e plano de ação
pedagógico (AEE) único, devido as possibilidades funcionais, de linguagem,
comunicação, interação social, de aprendizagem
e funções adaptativas serem comuns
as duas.
A Surdocegueira se apresenta por meio duas gêneses:
1- CONGÊNITA A Criança nasce com esta única deficiência, podendo ter
sua causa na sífilis, toxoplasmose e rubéola. Esta última adquirida pela mãe
quando a criança está no ambiente uterino, dentre outras.
2 - ADQUIRIDA: Criança nasce sem compromisso
auditivo (ouvinte) e sem compromisso visual, (vidente), adquirindo a surdez
e/ou cegueira (surdocegueira) decorrente de fatores externos.
COMUNICAÇÃO:
Definições: Efeito
de comunicar (-se); ação de transmitir uma mensagem e, eventualmente, receber
outra mensagem como resposta; processo que envolve a transmissão e a recepção
de mensagens entre uma fonte emissora e um destinatário receptor, no qual as
informações, transmitidas por intermédio das mais diversas formas, dentre elas,
a linguagem verbal, gestual... http://pt.wiktionary.org/wiki/comunicação
É por meio da comunicação que o
humano se relaciona entre si e com o entorno, para assim suprir suas
necessidades. As
pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla carecem da COMUNCIAÇÃO
para assim poderem viver. Dessa forma, a criação e uso de estratégias e
recursos de acessibilidade para uma favorável relação social e, por conseguinte
para o suprimentos da aprendizagem e necessidades básicas, consistem em aspectos
de importância e indispensabilidade. As
pessoas com essas necessidades diferenciadas, precisam de uma atenção
especializada devido a fatores como a falta de referência de entorno (espaço,
tempo, e até o esquema corporal) que como consequência, as leva a falta de defesa,
propondo perigos, pois os principais órgãos de contato (órgão perceptivos
visuais e auditivos) lhes faltam.
Estratégias para a
aquisição da comunicação
1- Permitir que a pessoa busque
a suas necessidades da forma que lhe for mais conveniente, desde que com
respeito ao ambiente, pois só dessa forma constroi sua identidade e a
oportunidade de melhor se situar no contexto em que vive.
2- Facilitar o contato tátil, gustativo
e olfativo com os diversos estímulos ambientais,assim com promover asegurança
espacial por meio de movimento no espaço do ambiente doméstico e escolar.
3- Estar atento (a) as
tentativas de comunicação. É dessa forma que esta pessoa está tentando se
relacionar.
4- Uma agenda de
previsibilidade, tipo um mapa que oriente a rotina desta pessoa lhe dará o
referencial de tempo, espaço e o que o entorno espera dela.
5- Oferecer oportunidades do
convívio com pessoas sem esse comprometimento será útil para construir e organizar
sua identidade.
Comunicação codificada:
Sistemas
Alfabéticos:
Alfabeto
“Datilológico: As
letras do alfabeto são formadas, por meio de diferentes posições dos dedos da
mão”. É similar ao alfabeto manual dos surdos, com algumas variações para uma
melhor percepção tátil ao ser soletrado na palma da mão.
Alfabeto de escrita manual: Utilização do uso do dedo indicador da pessoa com surdocegueira como
lápis, para escrever cada letra sobre uma superfície do corpo (palma da mão) ou
sobre um material externo; também se aplica usando a mão do interlocutor para
escrever cada letra e a pessoa com surdocegueira colocando sua mão sobre a mão
de quem escreve sobre a superfície.
Uso de
máquinas Braille utilizadas pela pessoa com surdocegueira que tem conhecimento do
Sistema Braille de escrita. Outro meio de comunicação são as Placas Alfabéticas,
Sistemas não alfabéticos:
Língua sinais: Fundamenta-se na construção de sinais a partir de
diferentes posições, configuração de mãos, especialmente os que representem palavras,
números e outros códigos.
Tadoma: Percepção
pelas mãos da pessoa surdocega na posição da boca, garganta e bochecha, que são
fonoarticuladores e que produzem a fala, do interlocutor, para que as pessoas
surdocegas sintam as vibrações.
SURDOCEGUEIRA
E DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
Recursos
.Calendários: Os
calendários são instrumentos que favorecem o desenvolvimento da noção de tempo e
que ajudam os alunos a estabelecer e compreender rotinas.
.A linguagem -multisensorial - Comunicação por meios
perceptíveis utilizando sinais digitais escolhidos pela pessoa com a
deficiência perceptiva em pauta
Abordagem
Educacional:
Vula Maria Ikonomidis -
Professora Mestre em Educação Especial, Coordenadora Pedagógica da Ahimsa Associação
Educacional para Múltipla Deficiência.
Analisando as
necessidades de uma pessoa com deficiência múltipla e as conseqüências que a
falta de comunicação pode trazer a abordagem educacional deve ter estratégias
planejadas de forma sistemática, num modelo de colaboração na qual a
comunicação seja a prioridade central.
É necessário organizar o mundo da pessoa por meio do
estabelecimento de rotinas claras e uma comunicação adequada. É preciso
desenvolver atividades de maneira multisensorial para garantir aproveitamento
de todos os sentidos e que sejam atividades que proporcionem uma aprendizagem
significativa com oportunidades de generalizar para outros ambientes e pessoas
(atividade funcional).
A pessoa com deficiência múltipla necessita de um ambiente
reativo, isto é, que responda a suas iniciativas. Seu tempo de resposta deve
ser respeitado e a habilidades de fazer escolhas deve estar dentro de suas
atividades programadas.
Referências:
Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação
Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar -Fascículo 05: Surdocegueira e
Deficiência Múltipla (2010). Capítulo 4 - A escola comum e o aluno com
surdocegueira. Capítulo 5 - Deslocamento em trajetos. Capítulo
6 - Pessoa com surdocegueira.
Vula Maria Ikonomidis - Professora Mestre em Educação Especial,
Coordenadora Pedagógica da Ahimsa Associação Educacional para Múltipla
Deficiência.